A pesquisadora Dra. Paula Baldassin esteve envolvida em novembro em uma expedição para o Monumento Natural Los Pinguinos, na Isla Magdalena, no Chile.
O projeto de pesquisa intitulado “Avaliação de poluentes orgânicos em pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) encontrados no Atlântico Sul Ocidental”, sob coordenação da Profa. Dra. Marcia Bicego, do Laboratório de Química Orgânica Marinha, do Instituto Oceanográfico da USP e, com apoio financeiro da FAPESP, fez sua última expedição a patagônia Chilena para coletar amostras de tecidos de Pinguim-de-Magalhães encontrados mortos na colônia de reprodução. Esse projeto tem como finalidade verificar principalmente a concentração de HPAs, um poluente orgânico, nestas aves.
Essa expedição contou com a ajuda da Universidad de San Sebastian com o professor Dr. Miguel Mansilla e Dra. Claudia Peña e do CONAF com o senhor Neftali Arriagada. Sob licença do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (Sisbio) nº 45050-1, Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES) nº 14BR015252/DF, Servicio Nacional de Pesca (SENARPESCA) nº 712.
A equipe ficou quase uma semana na ilha onde diariamente era percorrido o ninhal das aves e a praia ao redor em busca de aves mortas. Quando avistadas estas eram recolhidas e a coleta de material biológico era realizada dentro de um container.
O alojamento é localizado dentro do farol. Há quartos para funcionários e para pesquisadores. A cozinha, o local mais quente, era onde realizávamos as refeições e discutíamos o trabalho do dia. A energia elétrica funcionava até às 23hs e consequentemente o aquecimento, portanto de noite o que nos deixavam aquecidos eram os sacos de dormir especial para temperaturas frias.
Os animais estudados são os pinguins-de-Magalhães, embora na ilha houvesse outras espécies de aves marinhas. Os pinguins são aves oceânicas da ordem Sphenisciformes caracterizadas por não possuírem capacidade de vôos, pois suas asas são transformadas em nadadeiras e seus ossos não são pneumáticos (oco). São adaptadas à vida aquática devido a capacidade de utilizarem suas asas para propulsão, fazendo com que atinjam uma velocidade de até dez metros por segundo embaixo d’água, onde podem permanecer submersas por vários minutos. Além disso, possuem a visão adaptada ao mergulho. Tais características contribuem para tornarem-se exímios pescadores.
Apresentam, ao longo do ano, uma época reprodutiva (de novembro a janeiro), na qual só vão ao mar por curtos períodos de tempo para se alimentar, permanecendo a maior parte do período em águas Argentinas e Chilenas e uma época oceânica (principalmente de março a setembro), quando realizam uma migração para o norte, passando o inverno na plataforma continental, em frente às costas do Uruguai e do Brasil.
As fêmeas colocam dois ovos entre outubro e novembro, sendo que a maioria deles eclode entre meados de novembro e início de dezembro. Após o nascimento, os pais revezam-se na alimentação dos filhotes durante três a quatro semanas. Após um mês os pais vão em busca de alimentos juntos, os filhotes são deixados sozinho e começa a formação da “creche”, ou seja muitos filhotes perto dos ninhos sem a presença dos pais. Esses juvenis vão ao mar em sua mais longa migração em janeiro ou fevereiro, eles vão para o mar com aproximadamente três meses de idade, permanecendo nele durante cinco anos, indo para o continente apenas para fazer a troca de penas. Após esse grande período ao mar, eles voltam para suas colônias para iniciar seu ciclo reprodutivo.
Há registros de pinguins juvenis capturados em junho de 1971 no Rio de Janeiro e em julho e agosto em Santa Catarina, que haviam sido anilhados em janeiro deste mesmo ano em Punta Tombo, a 2.500 km em linha reta de distância.
A presença de pinguins nas praias do sul e sudeste brasileiro é um fenômeno natural que ocorre no inverno. Estudos arqueológicos de sambaquis ao longo da costa do Brasil revelam camadas de conchas e fragmentos de pontas de flechas, machados, cerâmica, esqueletos humanos e esqueletos de animais, incluindo os ossos de pinguins, indicando que eles vêm para a costa brasileira muito antes da colonização Portuguesa.
A época do ano que a expedição foi coincide com a postura dos ovos e nascimento dos filhotes dos pinguins-de-Magalhães. Apesar de termos encontrado um exemplar de pinguim-de-penacho (Eudyptes chrysocome) essa não é uma colônia desta espécie. Havia também gaivotas, lobos marinhos e petrel. Os resultados deste projeto serão divulgados em encontros e revistas científicas da área de medicina veterinária e poluição ambiental.